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quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Ainda há esperança?

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Mario Cohn-Haft/Divulgação
Inseto descoberto na última expedição do projeto Geoma (Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia) no Amazonas, liderada pelo ornitólogo Mario Cohn-Haft, do Inpa (Instituto de Pesquisas Amazônicas).

Em duas viagens à Amazônia (na região entre os rios Purus e Madeira), cientistas acharam quatro espécies novas de aves, três de mamíferos e algumas dezenas de aracnídeos desconhecidos, numa área quase inexplorada por biólogos, que é tida como a mais biodiversa da Amazônia.
Um gasoduto e uma rodovia cortarão esta região. Com cerca de 40 milhões de hectares, representando menos de 5% da floresta amazônica, esta biodiversidade está ameaçada por planos de ocupação (pavimentação da BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e a criação de um gasoduto entre Urucu (AM) e Porto Velho). Ainda há projetos construção de hidrelétricas no rio Madeira, a onda de extração madeireira em expansão no sudeste do Amazonas e o avanço da agroindústria, em especial da soja, e da pecuária.
"O cenário está armado para destruir uma área pequena, até então desconhecida e que imaginávamos ter um potencial absurdo de biodiversidade e endemismo [espécies únicas do lugar]", conta o ornitólogo Mario Cohn-Haft, do Inpa (Instituto de Pesquisas Amazônicas), que liderou a expedição do projeto Geoma (Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia). "Encontramos espécies que não somente nunca tinha sido observadas, como aparentemente só existem naquela região". A descoberta de tantas novidades, segundo o pesquisador, funciona como um termômetro da diversidade da região. E, mesmo assim, Cohn-Haft acredita que em alguns anos vai dobrar o número de espécies descritas na Amazônia.


Opilião encontrado em expedição é uma possível nova espécie, dizem pesquisadores O grupo animal que deve trazer mais novidades, no entanto, é o dos aracnídeos e opiliões (aranhas de longas pernas). Eles ainda são tão pouco conhecidos que a expectativa é que 95% dos animais encontrados sejam novas espécies.

A presença de animais tão diferentes em um espaço relativamente tão pequeno é explicada porque a região engloba também tipos de ambiente muito diferentes. Na mesma área há tanto floresta típica, quanto várzeas inundáveis, pequenas serras, bambuzais e campos. "Tudo isso num interfluviozinho (região entre dois rios) ameaçado por tudo quanto é projeto de desenvolvimento", diz Cohn-Haft.

Entre os mamíferos, os primatólogos acreditam ter avistado ao menos uma espécie nova de macaco. Foi coletado ainda um sagüi que provavelmente é uma nova subespécie e um primata visto como uma "redescoberta" da ciência. Cohn-Haft já adianta, no entanto, que ao menos quatro das aves que ele observou são muito provavelmente espécies novas. Ainda entre os mamíferos, os biólogos apostam num esquilo e numa gatiara (mamífero noturno) como novas espécies.

Fonte: Folha de São Paulo


Faço aqui meu protesto: como pode, num país tão grande e rico, encontrarmos tanta incoerência e ignorância? Fico pensando o que poderíamos fazer em prol de nossos filhos, dos filhos de nossos filhos, dos filhos deste Brasil tão negligenciado? Se alguém souber o que pode ser feito por nós, meros espectadores de tantos absurdos, por favor, me digam. Será que uma mobilização nacional não teria algum efeito? Será que ainda há esperança de salvarmos as poucas riquezas que ainda restam neste país?

Um comentário:

Elka Waideman disse...

sei que o texto é antigo... mas vou comentar mesmo assim...
achei impressionante isso!
mas gostaria só de salientar que opiliões não são aranhas e são aracnídeos, ao contrário o que parece dizer o texto.
boa escrita!