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terça-feira, 3 de outubro de 2006

Quando a água chega na bunda

Ouço isso há anos:
“Quando a água chega na bunda, todo mundo aprende a nadar, até quem não tem braço”.
Espero que isso seja realente verdade. Sempre pensei na água chegando na bunda e eu acordando... tentando algo, tentando me salvar. Mas a perspectiva de aprender a nadar é muito melhor do que simplesmente "tentar".
Estou no meio da correnteza neste momento. Não há muitos troncos para me apoiar. A água insiste em inundar meu rosto e já estou tossindo um pouco. Mas estou aqui, lutando contra a força das águas, impiedosas.
É estranho como a gente sente a água subindo e pensa que vai conseguir fazer com que ela simplesmente escoe... e vai subindo, gelada... e a gente continua com a esperança de que vai dar conta.
Então, um belo dia, vem a surpresa: a água subiu bastante, está gelando os ossos, chegou finalmente na bunda! E não há mais esperanças de que ela se escoe porque não há para onde escoar. É preciso nadar, lutar e resistir. Estou aqui agora, dando tratos à bola e com algumas toneladas de água ao meu redor, considerando as possibilidades, avaliando o perigo, procurando avistar terra firme em algum ponto à minha volta. Sei que está lá, em algum lugar. E vou encontrar!

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