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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Retomar antigos hábitos

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Não deveria ser tão fácil abandonar bons hábitos, assim como não deveria ser tão fácil adquirir péssimos hábitos. Um é inversamente proporcional ao outro.

Eu lia, escrevia, conversava com as pessoas, passeava, me divertia, interagia, era uma pessoa ativa, com boas idéias.

Hoje não tenho lido praticamente nada - se não contar uma ou outra coisinha que acho pela web e que não seja muito longo ou que exija uma concentração maior. Também leio algumas notícias. Leio coisas no Facebook, leio mensagens que me enviam... coisas assim. No papel, acho que só leio as cartas de cobrança que chegam, cada vez mais.

Hoje não tenho escrito quase nada - claro, escrevo pequenas mensagens no facebook, alguns emails importantes, raramente escrevo pequenos pensamentos (facebook, de novo), converso com algumas pessoas pelo chat (facebook!) e só! No papel, talvez eu ainda faça algumas anotações sobre compromissos que não devo esquecer (tenho esquecido muito as coisas), anoto minhas conversas com a Net (com a qual tenho uma relação conflituosa e insistente), e mais nada!

Não vou a um cinema ou a uma lanchonete (faz muito tempo), não visito amigos (nunca fui muito disso, mas fazia de vem em quando), não viajo (nossa, isso faz realmente muito tempo!), e só converso com uma única amiga (com a qual o assunto gira em torno das coisas chatas que acontecem no nosso dia-a-dia). Se uma conversa animada está acontecendo na sala, eu estou aqui, no meu quarto, enfiada no facebook, procurando por algo que não sei o que é mas que, com certeza, não vou encontrar a não ser que saia do facebook.

É preciso mandar o velho embora para que o novo possa tomar o lugar que lhe é de direito! Mas... como? Sempre ouvimos falar que nosso pior inimigo mora dentro de nós. Sim, com certeza, ele mora - e, às vezes, se instala com tanta propriedade, que não sobra espaço para nós mesmos.

Esse desabafo pode parecer íntimo demais para ser colocado aqui, para quem quiser ler... mas, qualquer pessoa que me conheça, sabe que tudo isso está acontecendo, não é novidade pra ninguém que tenha um mínimo de sensibilidade.

Essa distância do mundo real tem um preço. É como um poço de lama, onde você só percebe que caiu nele, quando já não consegue alcançar as beiradas onde possa se apoiar para sair. E quanto mais você relaxa nessa lama, mas a lama te consome, gruda em seu corpo, te deixa cada vez mais pesada e enlameada. E chega o momento em que você é quase parte da lama, onde não cabe um sorriso ou um brilho no olhar.

(Aqui um adendo importante: esse NÃO É um post suicida, NÃO É um pedido de socorro de alguém que está prestes a desistir da vida. É apenas uma constatação, com um toque de drama - talvez a escritora que vive dentro de mim, lá no fundo, escondidinha, ainda consiga pincelar minhas palavras com o tal toque de drama. Infelizmente, eu percebo quão distante estou dela, já que até agora não escrevi nada que merecesse grande nota. Eu escrevia bem, usava palavras mais ricas, conseguia concatenar meus pensamentos de uma forma muito mais coerente do que hoje. Mas como eu disse, a escritora que mora dentro de mim está muito distante de mim, escondidinha lá no meio da lama, e só consegue dar uns gritinhos frouxos de vez em quando.)

Quem sabe se eu começar por aqui? Quem sabe se este ato de rebeldia (meu para com a lama) possa ser a chave? Quem sabe se eu me forçar a voltar pra cá todo dia?

(Preciso fazer outro adendo: agora que me toquei que AQUI, é o Brejo, meu Brejo! É exatamente onde a lama corre solta! Mas esta lama é diferente da lama em que me encontro. Preciso pensar melhor nisso, analisar as lamas, cada uma delas.)

Pretendo voltar aqui, é onde lavo minha alma, é onde descarrego o que está entupindo minhas veias, é onde me encontro.

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