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sexta-feira, 20 de julho de 2007

Princesa Ameba - Capítulo VIII

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..."Theodore Coli"... A sensação de ter encontrado algo há muito tempo perdido perdurou por alguns momentos mas, por força da circunstância, dissipou-se. Mais uma vez, foi vencida pela consciência de que era uma princesa e que, portanto, não deveria demorar-se em conversas íntimas ou trocando olhares com os serviçais. "Maldita consciência", pensou ela. E então, lembrou-se do que o ser tenebroso havia lhe afirmado sobre sua identidade: "Sou sua consciência, seu pudor e sua vergonha..." A confusão tomou conta de seu pensamento e ela se viu mergulhando num torvelinho de emoções contraditórias, tentando entender como poderia livrar-se de tal sofrimento mental. Sentiu que seu corpo se tornava mais e mais leve. Finalmente, veio a escuridão total.
Quando acordou, estava deitada em um dos divãs da biblioteca, confortavelmente apoiada em almofadas de seda. Ao seu lado, uma mesinha de apoio continha uma jarra de água, um copo e um pequeno frasco de vidro, parecido com os dos caros perfumes que tinha em sua penteadeira. Levou alguns segundos para entender o que havia ocorrido. Devia ter perdido os sentidos e o amável senhor a teria levado ao divã. Não sabia quanto tempo teria ficado desacordada mas, pelas luzes fracas que penetravam pelas cortinas de veludo, parecia ter dormido por horas e o sol já devia estar se pondo. Devagar, sua visão foi se tornando mais nítida e foi se sentindo melhor. O livreiro aguardava em silêncio e não percebeu de imediato que ela estava acordando. Andava de um lado para outro com a expressão aflita e, pelo movimento de seus lábios, parecia estar orando. Não podia, no entanto, entender o que dizia. De suas mãos pendia uma corrente delicada quase sem brilho. Se houvesse um pingente, ela não podia ver. Ele olhava para baixo e parecia debater-se numa dúvida qualquer. De repente, como se percebesse seu olhar, ele parou. Ela, rapidamente fechou os olhos e esperou. Sentia o par de olhos verdes sobre si mas, por algum motivo desconhecido, não se incomodou com isso. Sentiu-se aquecida e percebeu que poderia abrir seus olhos com segurança.
Ele estava ali, olhando-a como se olha uma flor machucada, com um misto de preocupação e carinho. Segurava firmemente a corrente como se fosse um talismã. Seus olhos brilhavam apesar da sala já estar bem pouco iluminada. Tentou levantar-se e, no mesmo instante, ele estava ao seu lado oferecendo a mão para ajudá-la. Quando seus dedos tocaram a palma estendida à sua frente, sentiu um fio de eletricidade percorrer seu corpo. Nada parecido com as sensações vividas em seus sonhos. Era algo excitante, mas também calmo e tranqüilo. Confortador e maravilhoso, como voltar para casa após um longo período de ausência. Mais uma vez ela experimentava uma sensação nova e intensa por uma pessoa que nunca havia significado nada além de alguém que limpava seus preciosos livros. Sentou-se. Não sabia exatamente o que fazer ou dizer. Olhou para os próprios pés tentando encontrar palavras que coubessem no momento. Então, levantou os olhos para ele que, postado em sua frente, apenas a observava.
- O que está acontecendo?
- A senhorita perdeu os sentidos, madame. Espero que já esteja se sentindo melhor. Talvez fosse melhor chamar o médico...
- Não. Não é preciso nenhum médico. Me sinto melhor. Mas insisto, o que está acontecendo? Não me refiro ao meu desmaio... Theodore. O que está acontecendo comigo? Por que sinto que o conheço há muito tempo, embora não me lembre de nada?
Neste instante, alguém entrava na biblioteca procurando por ela. Era o secretário do rei, informando-lhe que seu pai queria falar-lhe. Suspirou profundamente a fim de livrar-se da raiva que sentiu ao ser interrompida num momento tão importante. Deu um olhar significativo ao livreiro, deixando claro que voltariam a se falar numa outra ocasião, e foi-se.

Continua... aguarde.

3 comentários:

Ana Paula disse...

AAAAAAh... Sempre acaba na parte mais emocionante! conta só pra mim... De onde ameba o conhece???

Cintia, beijos e bom final de semana!

Red Letters disse...

Conta pra mim também, rs.
Estou morrendo de curiosidade!!!
O mistério torna a imaginação aguçada, por isso, adoro esse tipo de leitura, ainda mais com um texto tão bem escrito.
Parabéns, perfeito!
Ps.: estou aguardando um novo capítulo.
Abraços.
Fica com Deus.

Red Letters disse...

Querida, tem mais um tomate para a sua coleção no meu blog, passa lá...
Beijos.