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quarta-feira, 23 de maio de 2007

23 de Maio

Revolução de 1932

Getúlio Vargas (1882-1954) fazia parte de uma família tradicional gaúcha. Foi deputado estadual, governador do Rio Grande do Sul, deputado federal, líder dos deputados do Rio Grande do Sul e ministro da fazenda antes de se lançar candidato à presidência da República. Até esta época, vigorava no Brasil a "política do café com leite" em que os governadores de São Paulo (grande produtor de café) e Minas Gerais (grande produtor de leite) alternavam-se na presidência da república.

Em 1930, uma revolução derrubava o governo dos grandes latifundiários de Minas Gerais e São Paulo. Getúlio Vargas assumia a presidência do Brasil em 3 de Novembro de 1930, em caráter provisório, mas com amplos poderes. Getúlio Vargas revoga a Constituição de 1891 e governa através de decretos.

Em 9 de julho de 1932 eclodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo.

Aqueles que haviam apoiado Vargas em 1930 uniram-se na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" e a promulgação de uma nova constituição.

Tropas federais são enviadas para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o exército durante três meses.
O episódio fica conhecido como a Revolução Constitucionalista de 1932.


Em 23 de Maio de 1932, é realizado um comício reivindicando uma nova constituição para o Brasil. O comício termina em conflitos armados. Quatro estudantes morrem: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo. As iniciais de seus nomes formam a sigla MMDC, que se transforma no grande símbolo da revolução, uma organização civil clandestina, que, entre outras atividades, oferecia treinamento militar. E em julho, explode a revolta. As tropas rebeldes se espalham pela cidade de São Paulo e ocupam as ruas.


Em agosto de 1932, um quinto estudante, também ferido no dia 23 de Maio, juntamente com Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo morre no hospital. Seu nome, Alvarenga. Hoje, a sigla é conhecida como MMDCA.

Hoje é dia 23 de Maio de 2007,
Dia da Juventude Constitucionalista.

Leia mais, mais, mais, mais e mais.

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OCUPAÇÃO DA REITORIA DA USP PELOS ESTUDANTES

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Constituição Federal de 1988, artigo 205.


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(Trechos da reportagem de Laura Caproglione - da Folha de S.Paulo - hoje, dia 23 de Maio de 2007)

E de repente, de surpresa, um novo movimento estudantil surgiu na Universidade de São Paulo. Ele tem uma cara mulata como não se via nos anos de chumbo da ditadura militar. Ele dá as costas às entidades tradicionais de estudantes, como a UNE, a UEE e o DCE-Livre. Ele desdenha de líderes carismáticos (em vez disso, todo mundo manda, e ninguém manda). Ele cultiva a sério o apartidarismo, quebrando a hegemonia política de partidos como o PT, PSOL e PSTU, que já foram manda-chuvas no pedaço. E, esquisitíssimo, ele faz questão de cuidar dos jardins com tanto esmero quanto da mobilização.

Esse novo movimento estudantil apareceu há 20 dias, quando 120 alunos dirigiram-se à reitoria da universidade para entregar um documento com reivindicações. Como não encontraram a reitora Suely Vilela, que estava viajando, resolveram invadir o local --assim, meio na louca. E a coisa começou a crescer, sem controle, e sem interlocutores.

..."Caminhando e cantando" - Ontem, o carro de som estacionado bem na frente da invasão tocava a trilha sonora do pessoal. "Eu sou a mosca que pousou na sua sopa" e "Plunct, plact, zum, não vai a lugar nenhum", as duas canções de Raul Seixas, alternavam-se com todas as músicas antigas de Chico Buarque, com especial destaque para "Apesar de Você", e "Pra não Dizer que não Falei das Flores", de Geraldo Vandré, hinos da resistência democrática nos anos do regime militar.

(...) Foi só a comissão de mobilização avisar que mais uma assembléia ia começar para um grupo de jovens músicos (duas flautas doces, uma clarineta, um violino, um cavaquinho e dois pandeiros) começar a tocar "Se esta rua, se esta rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar".

Cinco grandes rodas concêntricas, formadas por adolescentes de mãos dadas, começaram a dançar. Então vieram um Caetano velho, ainda bucólico, "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e o hit "Apesar de Você", sempre ele. Aquecida pela coreografia, a assembléia, então, finalmente se iniciou.

(...) Há muitos negros na invasão, como não se via na de 25 anos atrás.

(...) O politicamente ultracorreto domina.

(...) Bebidas alcoólicas e drogas não entram no prédio. Quem quiser, que consuma fora. Cigarros só em locais abertos, como o saguão da reitoria, ao lado do busto de Nicolau Copérnico, em que foi afixado o cartaz: "Também apóio a ocupação".

Todos comem a mesma comida, feita por outra comissão de alunos. Ontem, o cardápio do almoço foi arroz branco, batata cozida e lingüiça frita. Acompanhava um minicopinho (desses de café) de suco de caju. Ninguém reclamava.

E sexo? Luís conta que um velho militante de 25 anos passados, ao visitar a invasão atual, notou um certo ar "careta" nos meninos e perguntou "Pô, nem sexo, nem drogas, nem rock and roll? Que merda vocês estão fazendo?" Marcelo, aluno da escola de ciências sociais, emenda, pensativo: "A gente não sabe muito o que é ser rebelde. Só sabe que é contra o decreto do Serra. O resto, estamos aprendendo".

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75 anos depois e ainda temos os jovens lutando para que a constituição seja cumprida. Sempre os jovens, com sua rebeldia, persistência e coragem. Há 75 anos, cinco jovens eram alvejados em plena praça, numa manifestação reinvindicando uma nova constituição. Hoje, centenas de jovens reunidos numa escola, reinvidicando o cumprimento de uma constituição que é negligenciada dia após dia através de decretos impostos por um governador que não tem a menor idéia do que quer dizer "Caminhando e cantando e seguindo a canção, Somos todos iguais braços dados ou não".

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