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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Eu e o teatro

Eu tinha 19 anos e quase nenhuma perspectiva de vida.
Um dia, minha mãe me mostrou um anúncio, um panfleto, oferecendo aulas de teatro. Ela, como boa mãe que sempre foi, me aconselhou a procurar informações a respeito. ("quem sabe se isso me ajudasse a tomar um rumo na vida".)
Lá fui eu fazer uma entrevista com a professora de teatro. Toda insegura, mal cheguei e já perguntei quem já estava na lista de alunos - na verdade, eu queria saber se tinha algum conhecido pois morria de vergonha de estar num grupo de totais desconhecidos. Bem, minha insegurança foi interpretada como metidisse. Levei um "chega pra lá" na mesma hora. Ouvi dela, completamente envergonhada, uma resposta à altura da minha suposta metidisse (que era insegurança mas foi mal interpretada, lembra?):
"-Não importa quem está matriculado. Você quer ou não estudar teatro?
"Nooooooooooossa, se antes estava insegura, depois dessa, me senti completamente idiota, fora do eixo mesmo. Ainda assim, eu queria realmente fazer o curso. Fiz a matrícula e saí de lá com o rabinho entre as pernas.
Mal sabia eu que seria esta, a época mais reveladora de minha vida. Revelou a mim (e aos outros), talentos que eu nunca imaginara possuir. Após um período de total acanhamento, comecei a conhecer uma Cintia criativa, talentosa e capaz. Eu desabrochava à medida em que me conhecia mais e mais.
Todo mundo devia estudar teatro, pelo menos um ano de sua vida. Aprenderia a se permitir mais, a não ter tanta vergonha do ridículo (que afinal, pode não ser assim tão ridículo), teria muitas de suas mágoas superadas.
Conheci pessoas maravilhosas, tenho saudade de todas elas! E sabe o que mais? Tenho saudade de mim, a Cíntia daquela época que, depois de um tempo longe daquelas pessoas, voltou a ter medos e vergonhas, como todo mundo. Voltei a fazer parte do povão, com a vida corrida e um monte de angústias guardadas.
Mas agora, tem uma diferença: eu sei que lá dentro de mim, mora uma pessoa livre, cheia de idéias, talentos, linda e cheia de graça! E ela me faz feliz por existir!

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