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segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Rachaduras no Cimento

Há alguns anos, foi feito um "cimentão" numa parte do meu quintal e me lembro que não podia ser feito de uma vez só. Era necessário fazer uns cortes, tipo recortes, a fim de permitir a expansão do cimento quando dilatasse com o calor e não causasse rachaduras. Então, o pedreiro fez os cortes de forma a parecer um desenho, um piso de retângulos que se alternavam.

Eu vejo os relacionamentos assim, como o cimento. Se não houver a possibilidade da expansão de ambos os envolvidos, haverá rachaduras que podem ser irreversíveis. É preciso ter um "espaço" entre os dois, aquele espaço onde a individualidade de cada um pode se expandir, dilatar, encolher, mover-se enfim.

Tenho visto isso acontecer por aí... e me parece que o único "remendo" que funciona é a honestidade - e aqui não cabe aquela história de que omitir não é mentir. Omitir a necessidade de que o relacionamento está precisando de mudanças seria, neste caso, tão grave quanto mentir.

Se algo (seja o que for) não está cabendo entre os dois, talvez seja porque o espaço está muito pequeno ou até inexistente. É claro que não é para abrir um espaço onde caibam outras pessoas... ninguém quer isso. Mas é preciso respeitar a individualidade de cada um, as necessidades, os desejos, os medos e receios. E o único, realmente o único jeito de não permitir que essa rachadura cresça, é a conversa franca, onde a tolerância deve ser buscada e, o mais importante, a disposição de ceder onde for necessário (ambos, juntos!) exista de verdade.

Queria ter tido esse discernimento em outros tempos , quando as rachaduras foram aparecendo e aumentando, até que tudo não passasse de um monte de escombros.

Escombros de um amor! Uma das imagens mais dolorosas que alguém poderia ter guardado em seu coração. Não pelo fim mas, pela consciência de ter ignorado a chance de tentar impedir o estrago. Se não, quem sabe o certo não teria sido trocar o piso antes que chegasse a isso!

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