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domingo, 11 de novembro de 2007

Princesa Ameba - Capítulo XII

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Acordou animada com a perspectiva de descobrir algo sobre o sumiço de Theodore. Tomou seu desjejum rapidamente e correu para a cozinha, onde normalmente poderiam ser encontrados vários serviçais. Chegando lá, olhou para cada uma das senhoras, mas não encontrou aquela.
Assim que a viram, postaram-se em fila, como era de se esperar em sinal de respeito, e aguardaram à disposição da pequena princesa. Perguntou da única maneira que encontrou:
- Hum, quem é responsável pela limpeza da biblioteca?
A mais velha delas respondeu rapidamente:
- É função de Moira, sua alteza. E também do senhor Theodore.
- E onde Moira se encontra agora?
- Precisou ausentar-se por motivos pessoais, mas se sua alteza necessitar, eu posso substituí-la, sua alteza.
- Motivos pessoais? Hoje apenas?
- Sim, somente hoje. Raramente ela pede para sair. Entretanto, hoje nem chegamos a vê-la por aqui. Ficamos sabendo sobre sua ausência através de um bilhete deixado por ela aqui mesmo na cozinha, sua alteza.
Estranho, pensou ela.
- E Theodore?
- Infelizmente, sua alteza, ele também não se encontra hoje. Pensamos que eles devem ter precisado ausentar-se para tratar do mesmo problema.
- Como assim? Ambos resolvendo o mesmo problema?
- Sim, sua alteza. Moira é esposa de Theodore...
Moira, esposa de Theodore? Motivos pessoais que exigiam a presença de ambos... – tentou achar ali alguma pista que explicasse tudo aquilo.
Já ia sair da cozinha sem perguntar mais nada quando notou os outros empregados entreolhando-se com ares de preocupação. Ou medo, talvez. Tentou então parecer natural e delicada quando agradeceu. Resolveu que seria prudente tomar o máximo cuidado em disfarçar seu interesse em quaisquer que fossem os mistérios que rondavam sua vida. Com uma expressão inocente, completou:
- Está bem. Penso ter perdido um broche na biblioteca, mas isso certamente pode esperar até que voltem. – sorriu novamente com suavidade. - Espero que não seja nada grave. Podem voltar ao trabalho.
Saiu dali satisfeita por perceber que a expressão dos empregados havia mudado, ficando mais leve.
Foi no jardim que a princesinha resolveu sentar-se e pensar sobre o que faria com as informações que tinha agora. Sentou-se em seu banco preferido, apreciando o leve farfalhar das árvores e os sons da natureza. A brisa que roçava sua pele lhe confortava. Fechou os olhos e respirou longa e profundamente, sentindo o aroma das tantas flores que adornavam seu lindo recanto.
Então, percebeu que não estava mais sozinha. Sentia uma presença, mas não sentiu medo. Lembrou-se imediatamente do outro dia em que ouvira aquela voz suave e melodiosa que permanecera ressoando em sua mente por horas. Impetuosamente, perguntou:
- Você está aí, não é?
Sentia uma ansiedade sufocante enquanto esperava pela resposta. Era excitante e quase divertida a expectativa de poder falar com o autor daquelas palavras que lembrava-se tão bem. Esperou e esperou.
Prestes a desistir, resolveu fazer uma última tentativa:
- Por favor... fale comigo novamente.
E então, quase que por mágica, ele falou:
- Sim, minha princesa. Estou aqui.
Seu peito pareceu crescer e sentiu algo como um formigamento a percorrer-lhe os sentidos. Sorriu. Não sabia o que pensar, o que fazer, o que falar.
- Eu... é... quem é você? Por que apenas ouço sua voz? Por que você se esconde? Onde está você?
Pensou então ter ouvido um pequeno riso. Mas logo a voz lhe respondeu:
- É mais seguro assim, eu creio. Seria arriscado se eu fosse visto conversando com sua alteza.
- Mas quem é você? Por que seria arriscado? Não trabalha aqui no castelo? Você é um dos jardineiros?
Fez-se então um silêncio, longo e angustiante. Achou que tivesse sonhado e estivesse falando sozinha como uma louca. Mas ele respondeu novamente, desta vez com a voz triste:
- Minha princesa, não sou um empregado do castelo e, com certeza, não seria natural de me vissem ao seu lado. Talvez fosse melhor eu ir embora agora. Rogo-lhe que não chame os guardas e, se assim preferir, nunca mais saberá de mim por aqui.
Por um momento sentiu um aperto no peito, como se conhecesse aquela pessoa sem rosto e estivesse prestes a perdê-la. Disse simplesmente:
- Não. Não chamarei os guardas. Mas prometa-me uma coisa, e esta será a condição de seu segredo estar seguro comigo.
- Sim, minha princesa. Sou todo ouvidos.
- Revelará a mim a sua identidade e o motivo pelo qual se esconde aqui, dentro do meu jardim. Dirá seu nome e de onde vem, para o que veio e o que pretende.
Esperou alguns segundos e finalizou:
- Temos um acordo?
Os minutos se arrastaram dolorosamente. Após o que achou ser uma eternidade, ouviu satisfeita:
-Sim, minha princesa. Temos um acordo.

Continua... aguarde.

2 comentários:

Ana Paula disse...

NÃO! Tinha que parar na melhor parte??? Justo na hora de a gente saber quem ele era? rs

Cintia disse...

Hahahahaaha!
Claro! Senão quem volta pra ler o resto?
Aqui é assim.
:)