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domingo, 17 de junho de 2007

Minha Amiga Ana

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Ana, minha querida amiga de todas as horas. Hoje, neste dia que é só seu, lembrei-me de um texto* muito bonitinho. Vou colocá-la aqui para ilustrar o que sinto por você, ok? :) Olha como deu certinho, o nome da mocinha também é Ana! \o/


Amiga, conforme minha promessa, estou enviando um e-mail contando as novidades da minha primeira semana depois de ser transferida pela firma para o Rio de Janeiro. Terminei hoje de arrumar as coisas no meu novo apartamento. Ficou uma gracinha, mas estou exausta. São dez da noite e já estou pregada.
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Segunda-Feira: Cheguei na firma e já adorei. Entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo desse planeta. Ele é loiro, tem olhos verdes e o corpo musculoso parece querer arrebentar o terno. Lindooooo! Estou apaixonada. Olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz uma promessa de estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora. Ele desceu no andar da engenharia. Conheci o pessoal do setor, todos foram atenciosos comigo. Até o meu chefe foi super delicado. Estou maravilhada com esta cidade. Cheguei em casa e comi comida enlatada. Amanhã vou a um mercado comprar alguma coisa.
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Terça-Feira: Amiga! Precisava contar. Sabe aquele homem de quem falei? Ele olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador. Fiquei sem ação e abaixei a cabeça. Como sou burra! Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um regime. Me olhei no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha indiscreta. Fui no mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumese chás. Resolvido! Estou de dieta.
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Quarta-Feira: Acordei com dor-de-cabeça. Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso manter-me firme na dieta. Quero emagrecer dois quilos até o fim-de-semana. Ah! O nome dele é Marcelo. Ouvi um amigo dele falando com ele no elevador. E ainda tem mais: ele desmanchou o noivado há dois meses e está sozinho. Consegui sorrir para ele quando entrou no elevador e me cumprimentou. Estou progredindo, né? Como faço para me insinuar sem parecer vulgar? Comprei um vestido dois números menor que o meu. Será a minha meta.
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Quinta-Feira: O Marcelo me cumprimentou ao entrar no elevador. Seu sorriso iluminou tudo! Ele me perguntou se eu era a arquiteta que viera transferida de Brasília e eu só fiz: "U-hum"... Ele me perguntou se eu estava gostando do Rio e eu disse: "U-hum". Aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: "U-hum". Entao ele perguntou se eu só sabia falar "U-hum" e eu respondi: "A-ham". Será que fui muito evasiva? Será que eu deveria ter falado um pouco mais? Ai, amiga! Estou tãao apaixonada! Estou resolvida! Amanhã vou perguntar se ele não gostaria de me mostrar o Rio de Janeiro no final de semana. Quanto ao resto, bem... ando com muita enxaqueca. Acho que vou quebrar meu regime hoje. Estou fazendo uma sopa de legumes. Espero que não me engorde demais.
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Sexta-Feira: Amiga! Estou arruinada! Ontem à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce na sopa, além de couve, repolho e beterraba. Menina, saí de casa que parecia um caminhão de lixo. Como eu peidava! (nossa! Você não imagina a minha vergonha de contar isto, mas se eu não desabafar, vou me jogar pela janela!). No metrô, durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu soltar um flatum que nem eu mesma suportava. Teve um momento em que alguém dentro do trem gritou: "Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do vagão é muita sacanagem!" Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo mundo olhava para ela, tadinha. Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor para soltar outro. O meu maior medo era prender e sair um barulhento. Eu estava morta de vergonha. Desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela roleta. Aproveitei e soltei mais um. O senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse: "Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado!". Na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora em que o futum se espalhou. O sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: "Pó, dona Maria! Esse pastel tá bichado!" Entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis degraus pela escada. Meu azar foi que o Marcelo ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ele me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar. Já no terceiro andar ficamos sozinhos. Cheguei a me sentir aliviada, pois assim a viagem terminaria mais rápido. Pensei rápido demais. O elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram. Quase instantaneamente a iluminaçao de emergência acendeu. Marcelo sorriu (ai, aquele sorriso...) e disse que era a bruxa da sexta-feira. Era assim mesmo, logo a luz voltaria, não precisava se preocupar. Mal sabia ele que eu estava mesmo preocupada. Amiga, juro que tentei prender. Mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar. Abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar. Já se imaginou numa situaçao dessas? Peidar e ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo nao percebesse que você peidou? Ele ficou muito preocupado comigo e, se percebeu o mau cheiro, não o demonstrou. Quando achei que a caatinga havia passado, voltei a respirar normal. Disse para ele que eu era claustrófobica. Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior. O coitado dessa vez ficou meio azulado, mas ainda não disse nada. Abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher em estado de parto. Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto mais distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso. Ele ficou lá, no canto, impávido. Nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro. Ele se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. Coitado! Ele esmurrou a porta, gritou, esperneou, e eu lá, na respiração cachorrinho. Quando a caatinga dissipou, ele se acalmou. As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ele me viu chorando, enxugou meus olhos e disse: "Meus olhos também estao ardendo..." Eu juro que pensei que ele fosse dizer algo bonito. Aquilo me magoou profundamente. Pensei: "Ah, é, FDP? Então acabou a respiração cachorrinho... "Depois disso, no primeiro ele cobriu o rosto com o paletó. No segundo, enrolou a cabeça. No terceiro, prendeu a respiração, no quarto, ele ficou roxo. No quinto, me sacudiu pelos braços e berrou: "Mulher! Pára de se cagar!". Depois disso ele só chorava. Chorou como um bebê até sermos resgatados, quatro horas depois. Entrei no escritório e pedi minha transferência para outro lugar, de preferência outro País. Queime o computador depois de ler, tá?
Sua amiga, Ana.
*Texto de J. Miguel

Ana, espero que tenha rido tanto quanto eu! É meu presente bem-humorado pra você hoje. FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Agora vamos falar sério:

Em todos estes anos em que nos conhecemos, me perguntei muitas vezes como é que nós nos damos bem se somos tão absurdamente diferentes. Pensei que, talvez, a nossa situação profissional/física praticamente igual fosse a responsável. Depois, pensei na semelhança quanto aos "quiprocós" familiares, a falta de dinheiro, a ansiedade, etc.

É claro que isso tudo faz diferença mas, o que acho que nos acalentou todos esses anos foi outra coisa: foi o repeito pelas diferenças da outra. Acima de tudo, aprendemos a nos respeitar e isso construiu uma amizade além do que seria se fosse só os "tubarões" compartilhados nas muitas batalhas que travamos, cada uma com suas particularidades. Só queria que você soubesse (e nunca se esquecesse) que, somos duas chatas, diferentes, com gostos diferentes mas que se suportam super bem! :D

Um super-hiper-feliz aniversário pra você, viu? PRA VOCÊ! Esqueça todo o resto porque não vale a pena perder o sono por essas coisas todas. TE AMO, minha amiga!

4 comentários:

Anônimo disse...

vc conseguiu fazer eu peidar de tanto dar risada... muito engraçado!! mas tenho uma dúvida...é real? rs...

Anônimo disse...

É verdade mesmo. Mas a física já explica, afinal os imãs positivos e negativos se atraem e gostam de ficar juntos, pois as diferenças entre eles se completam; eles não se largam de jeito nenhum.

Em todo o caso, DOREI mesmo a estorinha acima, e brigadão pelas palavras de carinho e amizade!
Fiquei muito feliz!!!!!!!!

Beijos,

Ana Elisa

Red Letters disse...

Passando por aqui pra te desejar uma ótima semana.
Lembre que Deus nunca dá um fardo maior que nossos ombros possam suportar.
Abraços.

Anônimo disse...

Oi!
Mto obrigada pelo comentario lah no blog...
Alias, vc chegou meio q por acaso...
O q seria esse por acaso?
Seu blog eh mto bom!
**Bjs!**