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domingo, 7 de janeiro de 2007

VestibularIdades

Andei pesquisando a origem da palavra Vestibular e descobri que, ainda na Idade Média, os calouros eram colocados numa sala, os chamados vestíbulos, que antecediam a sala de aula. Ali, eles tinham os cabelos raspados, para evitar a propagação de doenças, principalmente a peste. Hoje, os cabelos continuam sendo raspados, não por higiene mas, como sinal de sucesso, de realização, de uma posição de destaque. Nem vou comentar aqui da época em que, quem mais conseguia reprimir a dor ou suportar provações era visto como alguém de valor (até que "surgiu" a lei proibindo o trote, após a morte do estudante Edison Hsueh).

Bom, vamos voltar um pouco no tempo e tentar focalizar o vestibulando, antes de qualquer resultado, antes de qualquer vitória ou derrota.

Um belo dia, o jovem se vê no momento crítico: escolher sua profissão. Será que é o momento adequado, a hora mais conveniente para isso? Não sei... e o jovem que ainda não atingiu a maturidade necessária para uma escolha consciente? Bem, gosto da idéia da Orientação Vocacional (se bem conduzida, claro) mas nem sempre é viável.

O fato é que alguns adolescentes, talvez a maioria deles, ainda não estão maduros para uma decisão responsável em relação a escolha da profissão, à sua vida futura, e a tudo que pode vir como repercussão dessa escolha. São ainda inexperientes, desabrochando, conhecendo e descobrindo a vida nessa fase de mutações internas e mudanças externas. Psicológicamente, estão em plena luta entre a liberdade e a independência. Emocionalmente, envoltos em sentimentos e emoções ainda desestruturadas. Socialmente, tentando se colocar dentro do todo, impondo suas perpectivas ainda frágeis.

É a fase da contestação. É a fase das crises, pois tudo que não foi resolvido vem a tona. Alguns poucos se cobram em termos de responsabilidade social. Na maioria, a cobrança é em relação às suas próprias características, graças a uma sociedade equivocada onde a autonomia é cobrada cada vez mais cedo.

O pior de tudo isso, de toda essa pressão (às vezes velada) talvez seja o prejuízo emocional. O estresse, as dúvidas e incertezas, o conflito vocacional, a frustração, o medo do fracasso...
A insegurança que aí nasce, passa a ser neurotizante.

O adolescente deveria sentir apoio, perto, em torno dele. E o que acontece, ao invés disso, é pressão e cobrança, em cima dele (talvez até não intencional).
Estar presente, mas sem estar cobrando não é fácil mas, se não for assim, o adolescente não conseguirá fazer uma escolha consciente e segura.

Onde está escrito que o adolescente tem que tornar-se adulto com a idade de 17, 18 anos?
Cada um tem seu próprio tempo de amadurecimento. Cada um tem seu ritmo de vida.

Cada um deveria ter a liberdade de fazer suas próprias escolhas, seguindo seu coração.
E, se por qualquer motivo, descobrir um dia que aquela escolha, já não o completa mais... mudar a direção e seguir em frente, sem culpa, sem remorso, e buscar a realização pessoal e profissional.

Um comentário:

Anônimo disse...

nossa! realmente...tirou as palavras da minha boca! =O
=)
fique com Deus...e obrigada por estar torcendo por mim!