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sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Sonhos

Acordei hoje - pela segunda vez - já bem tarde. Teria sido melhor acordar mais cedo. Tive um sonho desagradável, daqueles que a gente não sabe que é sonho. (Tenho muitos sonhos que sei que é sonho, ou percebo que aquilo é tão absurdo que não pode ser de verdade.)
Bem, era um ginásio e o campo era de algo fino, como gelo. Embaixo dele ficava um monstro. Algo como um Godzila - estranho... eu adoro o Godzila (ou Godjira, pra quem sabe do que eu estou falando).
Na verdade, tudo era estranho -dã... era um sonho - e coisa toda tinha um lima de arena onde as pessoas ficam ali esperando a entrada dos leões. Muita gente, ginásio lotado, teoricamente todo mundo ali poderia ser alvo mas, na verdade, eu e meus filhos éramos os alvos.
Atrás de onde seria o gol (se aquilo fosse um campo normal) tinha dois ou três sofás, bonitos e grandes, quatro lugares, cor discreta. O centro era dividido em quatro partes, retangulares. O retângulo mais próximo a mim era de onde sairia o bicho.
Tinha hora marcada pra ele sair, o relógio estava correndo e eu só tinha uma mangueira de água na mão, vermelha e grossa. O bico era com função dupla. Poderia lançar um jato d'água ou um jato de gelo (como o homem de gelo do filme "Os Incríveis"). Comecei então a tentar engrossar a fina camada para tentar dificultar a saída do horrível monstro.
Então, percebi que minha ridícula pontaria havia feito um círculo de gelo grosso, com um centro ainda fino, sem conseguir proteção alguma.
De repente, chegou a hora, não havia mais tempo. Estava na hora e não havia mais o que eu pidesse fazer. Era tão estranho que só eu estivesse tão desesperada, eu não via ninguém se descontrolando como eu.
Então, para minha surpresa, do quatro cantos do "campo", começaram a emergir do chão, animais selvagens, um de cada ponta. Me lembro perfeitamente do leão na ponta direita, o tigre na esquerda (bem na minha frente) e, em outro canto uma tartaruga, enorme e feia (adoro tartarugas, heim?). Não me lembro do último animal.
Eram muito grandes (tirando a tartaruga, eles são mesmo que não seja sonho) e eu abaixei atrás de um sofá, puxei meu filho atrás de mim e vi minha filha abaixada atrás de outro, a uns quatro metros de mim.
Olhei pra ela aflita; não havia o que eu pudesse fazer pra protegê-la. Nem mesmo esperar que ela pudesse estar junto comigo já que os sofás eram uns três metros distantes um, do outro.
Levantei um pouquinho a cabeça e pude ver o tigre, com aquele andar imponente e macio, vindo em direção ao espaço entre os dois sofás. Gelei! Por uma fração de segundo fiquei pensando de que lado ele olharia, do meu ou do da minha filha.
Foi do lado dela! Aquela cabeça enorme apareceu no vão e, sem pestanejar, ele virou pra direita e deu de cara com ela, abaixadinha atrás do sofá, de quatro, sozinha e completamente indefesa. A agonia pra uma mãe num momento desses é absurda!
...
Então... com a sensação de que o fim estava prestes a acontecer, vi que ela olhou para ele e disse, baixinho:
- Ok, estou indo pra porta, tá? Já estou indo. - E foi se levantando sob o olhar do tigre imenso e assustador. Meu Deus! - eu pensei. - É a minha filha mesmo! É próprio dela ter uma reação assim, alheia ao tamanho do problema, como se aquilo não estivesse acontecendo.

*** Preciso de uma pausa agora pra poder fazer minha melhor expressão de espanto. Enquanto conto tenho uma incrível necessidade de acompanhar tudo com as expressões de acordo.

Continuando:
Quando ele olhou pra mim (com aquela cabeça enorme, o bafo na minha cara), instintivamente, falei exatamente o que ela tinha falado e rezei pra dar certo.
Deu. E nós fomos indo pra porta do ginásio enquanto os "animais" ficavam em pé (nos dois pés de trás mesmo) e... tiravam as máscaras!!!! Eram homens! Aquilo era um jogo, sei lá, era tudo meio... combinado!

Enquanto eu ia para a porta, com um misto de medo, frustração, confusão e derrota (sensação que eu tinha quando brincava de "bate-lata" na rua com meus vizinhos e era pega logo no começo), senti que o clímax do momento ainda não havia realmente acontecido.
Então, com um estrondo assustador, o gelo começou a quebgrar e Godzila começou a surgir do chão, destruindo tudo e assustando a todos - inclusive o homem/tigre e o homem/leão, com as máscara debaixo do braço e com cara de horror!
...
...
...
Então eu acordei.

Conclusão (simples pois relembrar esse sonho foi cansativo, de verdade):
tá, eu misturei um monte de coisas que vi nestes últimos dias, a mangueira, o Godzila, o jato de gelo, o ginásio... mas é incrível como a mente encontra uma maneira de nos colocar à prova até no sonho, numa parábola maluca que retrata o momento que estamos vivendo. A agonia é tão real e o desespero de não ter saída, de não haver o que fazer, do monstro muito, muito grande que está prestes a nos atacar... os filhos que temos que proteger, a arena onde você é a atração e todo mundo assiste de camarote, tudo isso é o retrato de um momento real, verdadeiro e difícil. Não é à toa que dizem que temos que "matar um leão por dia". No meu caso, tenho matado leões, tigues, tartarugas gigantes, esperando a hora que Godzila vai finalmente "brotar" do chão e me engolir!

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